Socioeducandos participam de oficina sobre combate ao preconceito racial
Palestra foi uma preparação para o Odo-Concurso Preto de Poesia
terça, 06 de agosto de 2019 às 00h00
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Texto e fotos de Everton Dimoni
Considerando a educação como instrumento para a derrubada de preconceitos étnico-raciais e afirmando a juventude negra como produtora de uma cultura de resistência, a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), por meio da Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese), realizou, na última sexta-feira (26), uma oficina literária para socioeducandos acerca do combate ao preconceito racial.
A exposição foi ministrada pela coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas, Arísia Barros, que demonstrou como o pensamento racista estabelece diferenças graves entre as pessoas, ferindo direitos e garantias individuais. A palestrante também apontou caminhos para a desconstrução dessas perspectivas e alertou os jovens para a importância de reagir a esse tipo de prática.
“Os jovens precisam conhecer a sua história para combater o racismo, pois é na mão deles que está a mudança de pensamento. Por isso, buscamos resgatar a identidade negra dessa juventude, conversando com eles, incentivando e divulgando as produções literárias das jovens vozes pretas das periferias alagoanas”, afirmou.
A oficina preparou os adolescentes para o Odo-Concurso Preto de Poesia para Jovens da Periferia. Abordando temas concernentes às questões raciais, eles escreveram as poesias que irão representá-los na competição.
“O intuito é conhecer de que formas a juventude negra alagoana existe e resiste ao preconceito, fomentando a prática da escrita e potencializando espaços de conhecimento, interação e reflexões sobre o assunto”, explicou Arísia.
Com o tema: “Eu, jovem pret@, resisto e insisto”, o Odo-Concurso Preto de Poesia para Jovens da Periferia é uma parceria entre o Instituto Raízes de Áfricas e o Instituto Ilê Axé Legionirê Nitô Xoroquê, com o apoio do Governo de Alagoas. O regulamento do certame prevê que as três melhores poesias receberão prêmio em dinheiro e que 30 textos serão selecionados para publicação em livro.
A gerente de Desenvolvimento Integral da Sumese, Cássia Moreno, ressalta que “a proposta do livro tem um efeito muito importante na medida socioeducativa, uma vez que a poesia traz à tona a expressão dos sentimentos e das ideias, possibilitando o trabalho desses valores e a consolidação da educação”. Cássia afirmou também que a proposta socioeducativa não se resume apenas ao ensino, mas “estimula o redirecionamento da caminhada, mostrando ao adolescente do que ele é capaz”.
Para os jovens e adolescentes que cumprem medidas em privação de liberdade, esse trabalho traz outro efeito muito positivo, que é a ressignificação das limitações. Dessa forma, a ação encoraja a resistência dos socioeducandos a novas quedas, contribuindo, assim, para um exitoso retorno à sociedade.