SEMANA DE PREVENÇÃO
Seprev alerta para os riscos da gravidez na adolescência
Profissionais do Centro de Referência em Atenção a Crianças e Adolescentes ajudam pais e adolescentes a prevenir a gestação não intencional
Everton Dimoni
quinta, 03 de fevereiro de 2022 às 12h40
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Vítor Beltrão

No dia 1 de fevereiro começou a Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, instituída para conscientizar a população sobre os riscos da gravidez nessa fase da vida e alertar para os impactos da gestação precoce no desenvolvimento dos adolescentes. A semana foi incorporada ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e está em vigor desde 2019.
No Brasil, o índice de gravidez na adolescência ainda é considerado alto. Estima-se que todos os anos mais de 400 mil adolescentes brasileiras se tornam mães entre os 12 e os 18 anos, o que representa quase 50% a mais do que a média mundial, segundo o Ministério da Saúde. A questão é considerada um problema de saúde pública, uma vez que leva os adolescentes a um círculo vicioso de pobreza e baixa escolaridade.
Para Giselle Sillero, psicóloga do Centro de Referência em Atenção a Crianças e Adolescentes – CRAD, a gravidez na adolescência é uma situação delicada e desafiadora, pois a adolescente ainda não está preparada física e psicologicamente para a gestação e o cuidado posterior com a criança, o que na maioria das vezes acaba privando a adolescente de acontecimentos fundamentais para o seu desenvolvimento.
“Muito embora a adolescente tenha o acolhimento da família, e esse é o papel da família nesse momento, é claro que vai atrapalhar os planos dela, porque ela está só estudando e ainda vai pensar numa profissão lá no futuro. A gravidez precoce acaba atrapalhando toda aquela etapa que a ela poderia viver junto dos jovens, de sair e se divertir, e ela estará com uma responsabilidade que não bate com a maturidade que ela tem no momento”, afirmou.
A coordenadora do CRAD, Emanuelly Oliveira, explica que a gravidez nesse período da vida ainda é um tema-tabu na sociedade e alerta para a importância dos pais e responsáveis discutirem o assunto com os adolescentes.
“A educação sexual é importantíssima para a prevenção à gravidez na adolescência, bem como para a prevenção de doenças e infecções sexualmente transmissíveis. Então o diálogo é fundamental para que as meninas e meninos compreendam que existe o tempo para a gravidez, mas que não é agora”, enfatizou a coordenadora.
AUMENTO NA PANDEMIA
Emanuelly Oliveira ressalta que a pandemia de Covid-19, ainda em curso, contribuiu para o aumento nos casos de gravidez não intencional, como aconteceu com os índices de violência doméstica impulsionados pelo isolamento social.
“A pandemia não só influenciou a questão da violência, mas também os números relacionados à gravidez entre adolescentes. Por causa do isolamento social, cada vez mais essas adolescentes ficaram em casa, sem o acesso a uma informação que poderia ser dada na escola, em um grupo de convivência ou em determinado serviço de orientação”, explicou.